uma analise simples do sexo fora do casamento na cosmovisão cristã

 


Sempre achei que conhecer o íntimo do seu amado(a) é a etapa final do noivado. Enxergo o namoro como o processo de conhecimento dos costumes, gostos, detalhes e afins da sua parceira e o noivado é o firmamento do relacionamento; estar pronto pra casar... e o sexo era pra ser a consumação do casamento. Acho muito curioso o contexto de ter que receber a benção do pastor e talvez celebrar uma cerimônia ou passar pelo sacramento do matrimônio com o padre para afirmar a confirmação de que estão casados. Claro que ambos são etapas cruciais para um cristão, mas fato é, não é nenhuma cerimonia ou benção que vai te casar; é o sexo.

Gênesis 24:64-67 ARA

[64] Também Rebeca levantou os olhos, e, vendo a Isaque, apeou do camelo, [65] e perguntou ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? É o meu senhor, respondeu. Então, tomou ela o véu e se cobriu. [66] O servo contou a Isaque todas as coisas que havia feito. [67] Isaque conduziu-a até à tenda de Sara, mãe dele, e tomou a Rebeca, e esta lhe foi por mulher. Ele a amou; assim, foi Isaque consolado depois da morte de sua mãe.''

Interessante ver que o casamento de Isaque e Rebeca foi algo casual. Isaque viu ela e a levou direto para a tenda de sua mãe. Devo dizer que esse tipo de ''cerimonia'' não era exclusivo do povo hebreu. O máximo de celebração que se havia em diversas civilizações antigas era uma festa entre os próximos e parentes com o intuito simbólico de partilhar a alegria pelo casal. Nada de ministro local e teor sacerdotal pra dar firmamento aquela união e um conjunto de papeis para documentar o matrimônio. Eu acho que tudo isso é importante e essencial, mas a verdade é que o sentimento de que o casal já está casado antes mesmo da cerimonia ou benção é existente e implícito, e todos sabem indiretamente que tudo aquilo é simbólico. Parece que o objetivo não intencional disso tudo é que o varão possa agora visitar a igrejinha da varoa. Se o amor os casou... o sexo com o sentimento de amor é um dos símbolos aparentes desse amor (algo transparente). Não é como se os noivos estivessem transando por pura vontade carnal; eles se amam, e isso reforça o desejo corporal um do outro. Meu ponto: esperar casar pra transar não faz sentido. Mas é óbvio, isso tem exceções. Liberar os jovens pra transarem num namoro é complicado porque não dá para os próprios saberem se possuem amor de verdade. Podem estar apaixonados, mas amar um ao outro? é mais complexo do que parece. Por isso há a questão do tempo. Há tantos relacionamentos com promessas duradouras que acabaram de forma precoce; a transada que o casal ia ter não significou nada no fim. Só queriam possuir um ao outro pelo tesão. Não é como se isso desse o valor exclusivo de que todo casal que se guardou pro casamento vai durar também. Há inúmeros casos de casais que passaram pelo sacramento ou cerimonia com os pastores da sua igreja e se guardaram até o fim, mas tiveram o relacionamento destruído pela terrível relação sexual que possuíam. O amor genuíno pode vencer um obstáculo como esse, mas não é fácil assim. A igreja produz uma dualidade contraditória com o sexo, tratando-o de forma sagrada, ao mesmo tempo que trata de forma leviana. Não reconhecemos que a saúde sexual de um casal pode ter efeitos tão negativos quando uma possível traição.


Gênesis 29:28-30 NVT‬

[27]Espere, contudo, até terminar a semana de núpcias, e eu também lhe entregarei Raquel, desde que você prometa trabalhar mais sete anos para mim. [28] Jacó concordou em trabalhar mais sete anos. Uma semana depois de Jacó ter se casado com Lia, Labão lhe entregou Raquel. [29] (Labão deu sua serva Bila a Raquel para servi-la.) [30] Jacó se deitou também com Raquel, a quem ele amava muito mais que a Lia. Então permaneceu ali e trabalhou mais sete anos para Labão.


Contextualizando, Jacó trabalhou 7 anos pra receber Raquel, mas foi enganado e recebeu a irmã primogênita dela (Lia). Há de se observar que havia uma certeza de que Jacó iria se casar com Raquel, pois os 7 anos adicionais era um juramento. Não havia algum sentido em ele ter que esperar outros vários anos pra penetrar Raquel. É claro que não se pode manter esse anacronismo em um contexto sociocultural extremamente antigo com modelos judaicos da Tanakh. O fato do sexo ser tratado de forma tão casual ao ponto de normalizar a poligamia, seja para crescimento do povo ou não (pra Salomão foi objetivamente porque gostava muito de transar mesmo), causou muitos problemas, mas a mensagem central permanece. O problema real é que, por mais que eu tenha falado tudo isso, há diversas outras questões que se envolvem. Se precisamos conhecer nossa noiva sexualmente a fim de evitar problemas dessa natureza, muito provavelmente estamos criando um problema ainda maior. Se o primeiro sexo não for bom, vai precisar de quantos antes do casamento para evitar a frustação? e se a física não acompanhe a química, não casam depois de terem tido relação sexual? Se ela for virgem e ele se desapontar com algo nela ou vice-versa, perdem a virgindade e não casam? Se a pessoa tem certeza que irá casar com a noiva, a ama verdadeiramente, porque precisa testa-la antes de selar a união? Falamos disso certamente à respeito da nossa integridade e cosmovisão cristã. A abstinência faz com que o casal crente construa uma relação emocional forte, quando há um propósito, mas não vejo como uma regra. O fato é que não somos conformados com esse mundo. É necessário que compreendamos o sexo como a consumação, e isso só é possível quando o relacionamento é regido pelo Espírito Santo. Por isso, quando se transa com sua noiva ou até mesmo namorada com a consciência limpa e amor genuíno, já estamos em uma só carne; mas isso sem instrução espiritual divina não acontece. Temos que saber quando nossas convicções poderão adulterar os planos de Deus para nós. 

Apesar de tudo isso, diversos casais cristãos tem esses problemas e depois ou ficam em um casamento frustrado e se separam. E aqui eis o que quero dizer com tudo isso: de nada adianta esperar o casamento pra transar, se algum ou os dois não experimentaram a renovação da mente que o evangelho traz, pois suas motivações carnais estavam acima do entendimento espiritual do que é o casamento. Os dois conscientemente cristãos devem encontrar a solução para qualquer problema que ocorra no matrimônio, recorrendo a instrução divina e ao aconselhamento sacerdotal, que tanto falta nas igrejas apesar de tanto pregarem a preservação sexual. 

Por mais que necessitamos de parceiros que nos satisfaçam na cama, é importante que não foquemos nos atributos corporais e habilidades sexuais; coisas assim parecem ser indiretamente movidas por pornografia. Creio que todo problema sexual dentro do matrimônio pode e deve ser superado.


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