Kabukimonogatari - Monogatari e Essencialismo
“existência precede a essência” - Satre

Monogatari sempre trabalha um ou mais temas em seus arcos, mas algo perceptível é que a ideia de que a existência precede a essência rodeia todo o anime.
O que define nossa existência é ao passo do que somos ao longo do tempo. As mais pessoais características, personalidade e história são todas partes de nossa existência. A essência nessa linha de raciocínio, é o propósito fundamental no fundo de um ser.
Satre dialoga que primeiro você existe e então, ao existir, forma a si mesmo. Você cria sua própria essência e tem o potencial para mudar ela. Suas ações são aquilo o que você quer que sejam. Satre diz, em uma linha de raciocínio, que a pessoa é responsável por todas as coisas que faz. Essência individual.
Colocando de forma simples, não tem uma forma de interpretar Monogatari sem esse pensamento maior. Em Monogatari, uma pessoa só pode mudar sua essência quando perde sua existência. Araragi morre para se tornar um vampiro; Hachikuji morre para se tornar uma fantasma; E a Nadeko é consagrada para se tornar um deus.
Mas isso significa apenas isso e nada mais. A essência de um humano cria o humano, mas não cria homens más ou bons homens. o conceito platônico flutuando no plano das ideias é apenas o conjunto do que faz uma coisa ser aquela coisa e não alguma outra coisa. No entanto, dá forma ao conceito que vai, por existir, quebrar entre particularidades.
A Shinobu em ambas timelines exploradas em Kabukimonogatari tem a mesma essência, eles extraem da mesma raiz, do mesmo conceito de vampiro, criado pelo subconsciente do coletivo (já que ela é uma esquisitice); mas a Shinobu da 2° timeline e a Shinobu da 1° ainda são individualmente diferentes, porque, uma vez que estão fundamentados na realidade, limitados pela existência, suas particularidades irão se separar, mas em verdade, a Shinobu da linha alternativa continua sendo Shinobu no coração, quando pede um carinho na cabeça ao Araragi.
O que nos define como pessoa? Existe alguma natureza compartilhada que conduz a gente através de nossas vidas pessoais? Ou somos uma combinação de experiência e relações que formamos pelo caminho? O Nisio Isin parece dizer que nós temos algo central nos guiando, não coletiva, mas individual. As experiências de vida que temos são igualmente e extremamente importantes para compor nosso eu, dando nos a capacidade de finalmente mudar, assim como o Araragi coloca em seu monólogo final. Quando o Araragi pergunta à Hachikuji a pergunta que a Ononoki fez a ele no começo do arco, ela responde que tornar-se fantasma não foi algo legal, mas ela é feliz por ter conhecido o Araragi.
Sendo assim, ela é feliz. Mesmo não tendo a chance de ver a mãe dela nessa realidade. Por ela morrer, ela pode conhecer o Araragi Koyomi.
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